A força dos sentidos.

Os lugares da alma levam-nos sempre à beleza da contemplação.

Neste dia de Sto. António, sinto-me inspirada a ser uma casamenteira do amor-próprio.

Uma das principais causas dos conflitos e desafios nos nossos relacionamentos é a péssima relação que temos com nós mesmos. Ninguém nos disse que essa deveria ser a nossa prioridade – pelo contrário, crescemos na crença do oposto.

Sem o amor pela nossa singularidade, como poderemos desabrochar com a tão falada “melhor versão de nós mesmos“? Como nos podemos alegrar genuinamente com a nossa vida e expressar as nossas mais maravilhosas qualidades? Um dia todos descobriremos que se nos amarmos verdadeiramente a nós mesmos, os desafios relacionais são uma janela de oportunidade a poder amar o outro e a respeitá-lo na sua essência, mesmo que em luta por si mesmo. Afinal, somos todos Um.

É importante que aprendamos a discernir o que é saudável para nós e a transformar o nosso desejo interior de nos melhorarmos numa forma de arte. E a falar dum lugar de coração puro. O resto cuidará de si mesmo.

Neste caminho da auto-descoberta encontramos muitas crenças a pregar a descrença de outras e por aí fora e esquecemo-nos de nos questionar o que faz sentido efetivamente, e a criar pontes entre os vários saberes. Em verdade, o que importa é o que ressoa internamente em cada etapa do caminho.

Precisamos aprender a confiar que tudo, no final, são apenas símbolos. Devemos ter o cuidado de não julgar, sobre identificar ou reduzir o que quer que seja que chegue até nós. E, acima de tudo, não nos julgarmos pelos conteúdos com os quais temos conexão e nos geram otimismo – eles fazem parte de pontes perdidas à espera de conexão e contemplação.

Gosto muito do trabalho da investigadora/autora Brené Brown – a vulnerabilidade e a vergonha. E ela num dos seus livros diz assim:

Assumir o nosso percurso pode ser duro, mas não é nem de longe nem de perto tão difícil como passarmos as nossas vidas a fugirmos disso. Acolher as nossas vulnerabilidades pode ser arriscado, mas não é nem de longe nem de perto tão arriscado como abdicar do amor próprio. Só quando temos a coragem para explorar as trevas, é que conseguimos descobrir o poder infinito da luz.

Não é incrível? Que força esta que temos em nós e que teimamos em negar? Abrir espaço para olhar as nossas emoções cria elos de ligação entre a cabeça e o coração, cria pontes entre as pessoas, especialmente com quem mais importa na nossa vida.

Agora pergunto:

  • Que máscaras usamos no nosso dia-a-dia que nos inibem de criar esse elo de ligação?
  • O que tememos (ou esperamos) que aconteça se tirarmos a máscara?

Enquanto ouvinte de muitas histórias, em consulta, tenho tido o privilégio de ver e criar muitas destas pontes que, nas palavras dos clientes, são indescritíveis pela imensidão do que se sente.

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