O que é o Xamanismo

Há um conceito que é base de todo o meu trabalho, sobre o qual é importante desmistificar para que não seja induzido em erro.

    Duma forma muito simplista e resumida, o xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta, no seu Todo, relacionando os ciclos naturais com as nossas emoções e hábitos. Conecta-nos com a natureza, afirmando-nos como parte integrante da natureza, e não separado dela, focando-nos nos nossos próprios ritmos cíclicos.

    O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena. É uma prática que ajuda no enraizamento total e seguro da nossa energia aqui nesta vida, neste planeta, e que em complemento com outras filosofias e técnicas de autoconhecimento possibilita uma caminhada estruturada.

    As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas, também na África, entre os povos aborígenes da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibete… ou seja, em todos os lugares à volta do mundo. Os seus traços estão presentes nas grandes religiões, sendo certo que o xamanismo não é uma religião.

    No xamanismo respeita-se todo o equilíbrio e acredita-se que sem ele nada é alcançado na sua plenitude. E há dois fatores muito importantes nesta temática:
    • equilíbrio entre Dar e Receber
    • equilíbrio entre Pedir e Agradecer

    Existe uma ligação entre a nossa vida e os elementos Terra, Água, Fogo e Ar, que é integralmente explorada e reconectada nestas práticas, e de extrema importância para a nossa harmonia interna, uma vez que estes elementos estão diretamente ligados aos nossos órgãos vitais.

    Quem conduz o xamanismo em grupos e terapias é tradicionalmente chamado de “xamã”.
    A palavra xamã tem sua raiz na Sibéria, vinda da palavra “saman”, aparentado com o termo sânscrito “sramana” que significa: inspirado pelo mundo espiritual. Ele surge como um organizador do caos para despertar a consciência.

    Um (verdadeiro) xamã enfrenta as suas sombras e vence os seus medos da insanidade, solidão, orgulho, vaidade, vícios, doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso, escolhe tornar-se curador curado, auxiliador, visionário, ao serviço das pessoas, continuando sempre na busca de superação das suas fragilidades.

    Um xamã não é um santo, avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, a natureza e a comunidade. É simplesmente um facilitador, que partilha a sua experiência, orientando as pessoas pelas fases que ele mesmo já passou (ou está a passar).

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